quinta-feira, 27 de julho de 2017

Caracterização de microbacia hidrográfica auxilia na gestão de uso das terras



 Microbacia

Caracterização de microbacia hidrográfica auxilia na gestão de uso das terras


Conhecimento do meio físico de uma microbacia hidrográfica é importante na avaliação do potencial de seus compartimentos ambientais
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Publicado em 27/07/2017 às 13:47h.
O conhecimento do meio físico de uma microbacia hidrográfica é importante, tanto na avaliação do potencial de seus compartimentos ambientais, quanto na indicação de práticas de uso e manejo, com vistas à sustentabilidade.
A partir de levantamento e observações de campo na região do Vale do Rio Paraíba, complementados pela literatura, uma equipe de pesquisadores da Embrapa realizou a caracterização física de uma área, focada nos componentes solo, geologia e geomorfologia, sob diferentes tipos de cobertura vegetal (eucalipto, mata e pastagem), que corresponde a microbacia localizada na Fazenda Santa Marta, no município de Igaratá, Estado de São Paulo. Sua área totaliza 150ha, dos quais cerca de 60% estão ocupados com a cultura do eucalipto e o restante dividido entre áreas de pastagem e mata nativa.
Como resultado, foram identificadas duas classes de Cambissolos - solos pouco profundos, moderadamente a bem drenados e foi constatado que o solo sob eucalipto, apesar de estar em área com maior declividade, apresenta-se menos vulnerável do que o solo sob mata nativa e pastagem, por apresentar caráter úmbrico, maior grau de floculação e camada espessa de serrapilheira (média de 30 cm).
Conforme Lauro Pereira, um dos pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), o uso e cobertura das terras na região estudada tem se modificado ao longo do tempo. Dentre as diferentes atividades, a eucaliptocultura vem ganhando mais espaço, em detrimento de áreas cobertas por pastagens e matas, tornando-se uma alternativa para pequenos e médios agricultores, que visam a produção de matéria prima para o setor de papel e celulose.
Neste contexto e para atender a demanda dos agricultores, é necessário o uso de boas práticas de silvicultura e procedimentos sustentáveis, exigindo o conhecimento do meio físico, em especial solo, geologia e geomorfologia,  adquirido a partir do mapeamento pedológico, cuja execução exige a identificação e a compreensão do papel dos componentes do meio físico que condicionam a gênese, a distribuição e a atividade dos solos na paisagem.
Ainda de acordo com o pesquisador, essa caracterização do meio físico é fundamental nos estudos de uso e ocupação de áreas, sobretudo de solos rasos e rochas bastante alteradas, situados em declividades mais acentuadas, ambientes estes mais suscetíveis à impactos ambientais.
Para a complementação dos dados pedológicos, foram realizados trabalhos de campo, que constou basicamente de observações “in situ” e abertura de trincheiras sob as coberturas vegetais de eucalipto, pastagem e mata nativa.
A partir de uma breve análise comparativa, verificou-se que os solos da microbacia possuem características físicas semelhantes, isto é, apresentam textura argilosa, profundidade em torno de 120cm e atividade de argila baixa. Dada as suas condições de relevo e a própria formação pedogenética, ambos estão sob risco moderado a forte de erosão.
Geologia
O material de origem dos solos da microbacia da Fazenda Santa Marta está relacionado ao proterozóico superior, caracterizado por rochas cristalinas e metamórficas, em vários graus de metamorfismo e composição muito variada, com distribuição geográfica, em linhas gerais, condicionada à orientação de grandes e extensos lineamentos de falhas transcorrentes (deslizamento horizontal). São constituídos de migmatitos, xistos, quartzitos, filitos, calcários dolomíticos e metassiltitos.
Geomorfologia
Foi encontrada a tipologia com predominância de colinas pequenas com espigões locais e tabuleiros, que apresentam encostas com inclinação média de até 15% e amplitudes inferiores a 100 metros, constituindo terrenos mais suaves e estáveis da região, de acordo com observações locais. Na área experimental as declividades variam de 6% a 12%, condição que oferece menor risco de erosão, motivo pelo qual o cultivo do eucalipto é mais intensivo.
Os pesquisadores recomendam que, para um melhor planejamento e gerenciamento das terras, é necessário o uso de práticas adequadas para correção da acidez e de práticas conservacionistas contra erosão dos solos, inclusive nas estradas vicinais.
Os autores são os pesquisadores Lauro Pereira, Marco Gomes, Manoel Dornelas De Souza, da Embrapa Meio Ambiente, Carlos Ronquim e Sérgio Tôsto da Embrapa Monitoramento por Satélite (Campinas, SP).

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