domingo, 31 de março de 2013

Brasil ainda é promessa em pescados de cativeiro

Brasil ainda é promessa em pescados de cativeiro 31/03/2013 TATIANA FREITAS DE SÃO PAULO Referência mundial no mercado de proteína animal -o Brasil é líder nas exportações de carne bovina e de frango-, o país é uma promessa no setor de pescados. Mesmo com 12% das reservas de água doce do planeta, uma costa de 8.500 quilômetros de extensão e baixo custo para alimentação devido à grande produção de grãos, o Brasil está longe dos líderes. Segundo a FAO (órgão das Nações Unidas para agricultura e alimentação), o país é o 13º maior produtor de pescados em cativeiro, atividade conhecida como aquicultura. Em 2010, data do relatório mais recente do Ministério da Pesca e Aquicultura, foram produzidas 479 mil toneladas de pescados nesse modelo no Brasil, crescimento de 15% em relação ao ano anterior. Esse volume pode dobrar nos próximos dez anos. O banco holandês Rabobank, com forte presença no agronegócio, estima a produção de 1 milhão de toneladas de pescados em 2022. Além do ambiente favorável à produção, a demanda estimula a atividade. O consumo no Brasil cresce a uma taxa anual de 9% desde 2006, mas ainda está abaixo da média mundial e do recomendado pela Organização Mundial da Saúde. Deve, portanto, continuar aumentando. O movimento é influenciado pelo aumento da renda e por hábitos mais saudáveis de consumo -uma tendência mundial. A FAO estima que a demanda global por pescados crescerá em aproximadamente 30 milhões de toneladas até 2030. Com a pesca extrativa perto do limite -desde 2003 a produção se mantém em 90 milhões de toneladas no mundo-, a oferta adicional virá da aquicultura. Entre os atuais líderes desse mercado, poucos têm condições de aumentar a produção de forma significativa. A China, por exemplo, líder na produção de tilápias, enfrenta aumento nos custos, o que poderia abrir espaço para o Brasil, avalia o Rabobank. O empresário Pedro Furlan, que pertence à família fundadora da Sadia, aposta no desenvolvimento do Brasil nesse mercado. Em 2006, fundou a Nativ Pescados, produtora de tilápias e peixes amazônicos em Sorriso (MT) que em 2012 faturou R$ 30 milhões. Para ele, falta escala para o Brasil conquistar posição de destaque no setor. "O país precisa de tecnologia e mão de obra aplicada", diz. PROBLEMAS Estudo do BNDES sobre o setor, divulgado em 2012, aponta os principais gargalos à evolução: dificuldades no licenciamento ambiental, falta de tecnologia e de crédito. Segundo a secretária de Planejamento da Aquicultura do Ministério da Pesca, Maria Fernanda Ferreira, o governo trabalha nessas três áreas. No ano passado, lançou o primeiro Plano Safra para a aquicultura, que prevê a liberação de R$ 4 bilhões ao setor até 2014. Quanto ao licenciamento ambiental, as iniciativas devem partir dos governos estaduais, que concedem as autorizações. São Paulo, por exemplo, no final de 2012 isentou pequenos produtores de estudo de impacto ambiental, o que, por tabela, deve agilizar o licenciamento de grandes projetos. Segundo a secretária do ministério, outros Estados também buscam agilizar o licenciamento ambiental, como Goiás e Paraná.

Dono do Facebook vai pagar US$ 1,1 bilhão de Imposto de Renda

31/03/2013 - 19h15O fundador e presidente-executivo da rede social Facebook, Mark Zuckerberg, terá de pagar US$ 1,1 bilhão de impostos para a Receita Federal dos Estados Unidos. A conta foi elaborada com base na cotação da empresa na Bolsa de Valores, que em 2012 deixou Zuckerberg com uma fortuna de US$ 13 bilhões. O executivo terá de pagar 35% de impostos federais e 13,3% de impostos da Califórnia, Estado onde mora. No total, serão quase 50% em impostos

Montadora chinesa agora busca mercado de nicho no Brasil

Montadora chinesa agora busca mercado de nicho no Brasil 31/03/2013 GABRIEL BALDOCCHI DE SÃO PAULO As montadoras chinesas cresceram rápido no Brasil com a promessa de entregar a combinação de mais opcionais a preços menores e incomodaram a ponto de motivar uma política de proteção à indústria nacional. Chery e JAC estrearam com barulho: inundaram o mercado com publicidade, anunciaram ampla rede de revendas e produtos para brigar com os populares. O garoto-propaganda Faustão, embaixador de um dos grupos, dava o tom da ambição à época da chegada. Na nova realidade, com o regime automotivo e o adicional de impostos a importados, o dragão chinês ficou mais tímido, mas não se retraiu. Quatro marcas estreiam no país neste ano -duas já anunciadas. Vão elevar o número de chinesas de veículos com atuação no Brasil para mais de dez nomes. Faustão sai de cena para dar lugar a um esforço menor de publicidade, mais direcionado. Os novos planos falam agora em redes mais enxutas e menor volume de vendas. O foco das novas estreantes, em sua maioria, é atingir nichos de mercado, em que a atuação das estrangeiras é considerada mais complementar do que uma competição de fato. O segmento de comerciais leves (espécie de caminhão pequeno) é o que mais se aproxima dessa condição e tem sido o alvo preferido. Pelas ruas, já é possível notar, cada vez mais, entregadores de água, de gás e de material de construção dirigindo modelos chineses. "Como é um nicho não tão bem atendido pelas montadoras, estamos confiando nesse mercado", afirma o diretor da CN Auto, Humberto Gandolpho Filho. A empresa já importa duas marcas na categoria e finaliza os planos para a representação, a partir do segundo semestre, de um novo nome: a DFSK, chinesa e de utilitários, como também são chamados. Em janeiro, o segmento também viu a entrada da Rely, marca do grupo Chery que planeja abrir 30 concessionárias. Shineray, Effa, Changan e um recém-lançado modelo da JAC completam o leque de chinesas de comerciais leves. Além do preço, os grupos apostam em um fato novo para crescer. Querem preencher o espaço que ficará, a partir de 2014, com o fim da Kombi, concorrente de peso na briga pelos profissionais de distribuição. PICAPE E SUV A Great Wall, uma das maiores da China, também procura atuar em nicho no Brasil: estuda trazer uma picape e uma SUV (semelhante ao EcoSport). A marca pretende começar as vendas no segundo semestre e mantém firme o plano de fábrica no país, para começar em 2014. A produção nacional é essencial para fugir do adicional tributário do novo regime automotivo. Sem ela, a importação livre do imposto é limitada a 4.800 unidades por ano. Entre as chinesas, JAC e Chery já estão com projetos de fábrica em andamento. Como brasileiras, ambas poderão conseguir fatia maior do mercado -a capacidade combinada das duas será de 250 mil veículos. Hoje, as chinesas somadas não chegam a 1% de participação no país.

A China cresceu 49%, e ano começa com recordes de vendas de carros

31/03/2013 Domingo, Dia 31 de Março de 2013 A vendas globais de automóveis e comerciais leves aceleraram nos dois primeiros meses de 2013. O desempenho de Janeiro foi de 13% acima do mesmo mês do ano anterior e foi o melhor Janeiro desde 2010, quando a economia global entrou nos estágios iniciais da crise, cujos efeitos refletiu globalmente. A líder de crescimento em Janeiro de 2013, foi a China que cresceu 49% sobre Janeiro de 2012. As vendas de carros em toda a Ásia saltou 30% sobre Janeiro do ano anterior. A América do Sul registrou nos dois primeiros meses de 2013, crescimento de dois dígitos, mas o mercado deverá desacelerar, pois o Brasil (o maior volume de vendas da região), teve queda em Fevereiro e não deverá crescer muito no primeiro semestre de 2013, já que a redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados – IPI, principal responsável pelo crescimento de 2012, está sendo retirado gradativamente. Dados de Fevereiro da América do Norte revelam que as vendas anualizadas nos Estados Unidos sinalizam para 15,4 milhões de unidades, acima da média de 15,3 milhões dos últimos 12 meses. A Tailândia cresceu 68% nos dois primeiros meses do ano, e já é o décimo maior fabricante de automóveis do mundo O bom desempenho da indústria automobilística Norte Americana, foi graças à recuperação da economia dos Estados Unidos, estimulada por baixas taxas de juros, aumento da disponibilidade de crédito, recuperação do emprego e da renda familiar. Além disso, o aquecimento do setor imobiliário, foi decisivo para o crescimento de 21% das vendas, sobre fevereiro de 2012. Para 2013, os Estados Unidos espera alcançar 16,5 milhões de unidades vendidas, superando assim às 15,8 milhões contabilizadas em 2012. Caso a previsão se confirme, será o melhor número alcançado pelo país desde 2007, quando as vendas do setor começaram a declinar. Com relação a produção nos dois primeiros meses 2013, a campeão de crescimento não foi a China, como pode parecer com o seu robusto desempenho. A primeira colocada do ranking de melhor performance foi a Tailândia, cujo crescimento nos dois primeiros meses do ano foi de 68%, sobre o mesmo período do ano anterior. As vendas globais de automóveis e comerciais leves em 2012, foram de 62.4 milhões de unidades A Tailândia em 2012, produziu 2,4 milhões de unidades, garantindo assim ao país entrar para o clube dos dez maiores produtores de veículos do mundo (ocupava no ano anterior, a décima terceira posição). Para 2013, a indústria automobilística tailandesa espera alcançar produção de 2,8milhões de unidades. O país absorve quase 60% de todos os veículos produzidos e os 40% restantes são exportados. Assim como no Brasil, o governo tailandês concede benefícios para quem compra carros novos. Tanto lá como aqui, os descontos encerrarão até junho de 2013. As vendas globais de automóveis e comerciais leves em 2012, foram de 62.4 milhões de unidades, superando os 58,9 milhões de unidades do ano anterior.

31 de Março de 2013

31 de Março de 2013 China, Japão e Coreia do Sul iniciam acordos por ‘Representantes de China, Japão e Coreia do Sul concluíram na última quinta-feira em Seul a primeira de três rodadas previstas em 2013 para avançar rumo à criação de um acordo de livre comércio entre estes países vizinhos. No encontro, de acordo com um comunicado do Ministério de Comércio, Indústria e Energia da Coreia do Sul, as partes adotaram regras detalhadas sobre as negociações, incluindo princípios básicos e guias. Os delegados, agrega a nota divulgada em Pequim, discutiram igualmente durante três dias temas administrativos gerais e acerca da formação de grupos de trabalho como base para as conversações futuras. O alcance das negociações tomará em conta informes sobre as investigações conjuntas dos setores acadêmicos, industriais e dos governos, e os novos temas serão agregados depois de adotados pelas três partes. Segundo a declaração, as negociações sobre produtos, serviços e investimentos se realizarão simultaneamente com a formação dos grupos correspondentes a cada uma dessas áreas. A próxima rodada será realizada em junho ou julho em Pequim. Prensa Latinalivre’ comércio

Duas pessoas morrem de gripe aviária na China

Duas pessoas morrem de gripe aviária na China Atualizado em 31 de março, 2013 - 10:30 (Brasília) 1Duas pessoas morreram na China após contrair uma nova versão do vírus da gripe aviária. Essa versão ainda não havia sido transmitida a humanos. Um homem de 85 anos e outro de 27 foram infectados em fevereiro pela variação conhecida como H7N9. Ambos eram de Xangai. Uma mulher de 35 anos na Província de Anhui também contraiu a doença. Segundo as autoridades, todos tiveram febre e tosse inicialmente, evoluindo para uma pneumonia. Não está claro como as vitimas foram infectadas. 3:30 GMT

China investe US$ 1,7 bilhão anualmente em educação

31/03/2013 - 14:15 ENSINO PÚBLICO Terra A China está destinando US$ 1,7 bilhão anuais para a educação em ciência. Esse montante, anunciado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, indica um acréscimo de 5,57% do aporte na área em relação a 2010. Metade do valor foi destinado à educação pública. A medida faz parte do atual plano quinquenal chinês (conjunto de metas que nortearão o governo do país de 2011 a 2015) que prevê o investimento de US$ 1,6 trilhão no desenvolvimento das sete indústrias que se tornaram prioridades: energia alternativa; eficiência em energia; proteção ambiental; biotecnologia; TI avançada; desenvolvimento de veículos movidos com energia alternativa; e indústria de ponta (construção de máquinas). Com o fim da indústria barata decretado pelo aumento dos salários e os encargos trabalhistas, a China deverá seguir um plano em conformidade a essa nova realidade. "A nossa nova liderança irá focar o desenvolvimento no impulso do desenvolvimento tecnológico", afirmou Wang Qiang, diretor geral do Ministério de Ciência e Tecnologia da China durante evento sobre transferência tecnológica realizado na Universidade Tsinghua no início de março. A Tsinghua é um dos grandes braços da intenção mandarim de um salto para a inovação científica. Com um orçamento de 4 bilhões de yuans anuais (cerca de R$ 1,27 bilhão) somado ao orçamento de 3 bilhões (R$ 959 milhões) do Tuspark, o parque tecnológico instalado no local, a universidade garante cerca de 10% do orçamento total destinado à inovação no país. E o plano de Pequim é que ela se torne a maior universidade mundial em 2020. Com um sistema de ensino público sem ser gratuito (há anuidades pagas em todas as escolas que variam de 1000 yuans a dezenas de milhares em escolas internacionais), uma opção do governo tem sido investir em áreas alternativas que ofereçam espaços para futuros cientistas. A China tem hoje 1.681 salões públicos para atividades ligadas à ciência, que somam 500 quilômetros quadrados juntos (o equivalente a quase todo o território de Cingapura). Para Wang Qiang, a educação de jovens cientistas é a base do desenvolvimento da indústria de ponta do país, que quer se afirmar como um desenvolvedor de soluções tecnológicas. "Queremos que nossos filhos sejam engenheiros ou médicos. Algo que possa servir para ajudar o nosso país", diz Li Penghua, de 35 anos, mãe de Sun Qiuqiu, de 11 anos. O menino está cursando o quinto ano do ensino fundamental na Escola Dongcheng Nº 2, na capital chinesa, e concorda com a mãe - em termos. "Seria legal ser médico, mas queria também ser astronauta", revela. Enquanto o Brasil procura a projeção de sua cadeia científica internacionalmente na fase já adulta, mandando pesquisadores ao exterior ou investindo R$ 155 milhões para atrair cientistas estrangeiros ao País, a China amplia seu setor de recursos humanos já na infância. Ainda que o sistema educacional chinês seja voltado para a preparação dos estudantes para a aprovação no gaokao (o exame feito nacionalmente para a graduação dos estudantes do ensino médio), o novo projeto científico chinês deverá prever a "criação de um gosto pela ciência desde o início da vida". Mesmo com a exorbitante carga horária enfrentada pelas crianças entre escola, tarefas de casa e aulas extracurriculares, ainda sobra tempo para aproveitar parques como o planetário. "Eu já fui com o meu pai várias vezes, mas mais nas férias, quando estou menos ocupado", conta Sun. Em 2010, a China foi a primeira no ranking mundial do Pisa, um teste que avalia a capacidade dos alunos do ensino médio em provas de leitura, matemática e ciência. A fama chinesa de um sistema de ensino rigoroso parece dar resultados: conforme o Instituto de Educação Internacional dos Estados Unidos, o país ultrapassou os tradicionais Canadá e Coreia do Sul em número de alunos enviados para as grandes universidades norte-americanas (MIT, Stanford, Yale, Harvard), com cerca de 100 mil jovens chineses matriculados. Ainda que o país exporte centenas de milhares de jovens cientistas, a intenção do governo central é trazê-los de volta à China para liderarem pesquisas no setor de inovação. É o caso de Robin Li, o engenheiro e empresário que se tornou o homem mais rico da China em 2011 com o buscador de internet Baidu, criado por ele em 2000.

Líder religioso no Chipre promete ajuda ao povo

Atualizado: 31/03/2013 20:04 | Por estadao.com.brO líder da igreja Ortodoxa Cristã do Chipre, arcebispo Chrysostomos II, prometeu neste domingo fazer tudo o que...O líder da igreja Ortodoxa Cristã do Chipre, arcebispo Chrysostomos II, prometeu neste domingo fazer tudo o que pode para ajudar as pessoas a não "passarem fome", em meio à pior crise financeira do país em décadas. Durante a missa deste domingo, o arcebispo disse que a propriedade da igreja também é do povo, mas que a "dignidade" impede que muitos peçam ajuda. Ele disse que já instruiu padres das paróquias da ilha a discretamente oferecerem ajuda aos necessitados. Ele disse ainda que a igreja ajudaria a criar empregos "para que o sorriso volte aos rostos dos fiéis", mas não detalhou como faria isso. A taxa de desemprego no Chipre está ao redor de 15%, mas economistas temem que ela suba ainda mais depois do acordo para resgate financeiro fechado na semana passada com parceiros da zona do euro e o Fundo Monetário Internacional (FMI). As informações são da Dow Jones.

Caixa Econômica Federal abre concurso público para 72 vagas

Atualizado: 31/03/2013 02:13 | Por estadao.cA Caixa Econômica Federal abriu concurso público para 72 vagas e formação de cadastro reserva para médico do trabalhoom.brA Caixa Econômica Federal abriu concurso público para 72 vagas e formação de cadastro reserva para médico do trabalho e engenheiro civil. O candidato deve ser graduado em medicina, ter registro no Conselho Regional de Medicina (CRM), e certificado de especialização em medicina do trabalho, ambos registrados até a data de admissão. A jornada diária é de 4 horas, num total de 20 horas semanais. O salário é de R$ 4.158. Para o cargo de engenheiro civil o candidato deve ter curso de graduação de nível superior, bacharelado, em engenharia civil e registro no respectivo conselho de classe. A jornada de trabalho é de 8 horas diárias, totalizando 40 horas semanais. O salário é de R$ 8.315. As vantagens oferecidas são participação nos lucros e nos resultados, possibilidade de participação em plano de saúde e em plano de previdência complementar, auxílio refeição/alimentação e auxílio cesta. As inscrições devem ser feitas pelo site www.concursosfcc.com.br até as 14h do dia 19 de abril. A taxa de inscrição é de R$ 140 para o cargo de engenheiro civil e de R$ 97 para o cargo de médico do trabalho. A realização da provaestá prevista para 19 de maio.

Governo cede a pedidos por proteção

Atualizado: 31/03/2013 02:09 | Por estadao.com.brO Brasil importava 5% a 6% do aço que consumia. Até que, em 2010, a importação passou a 20% - uma "inundação O Brasil importava 5% a 6% do aço que consumia. Até que, em 2010, a importação passou a 20% - uma "inundação", define Marco Pollo de Mello Lopes, presidente do Instituto Aço Brasil. A pedido do setor, no ano passado, o governo mais que dobrou a alíquota de importação, de 12% para 25%. "Precisamos aumentar o mercado interno", diz Mello Lopes, explicando que não há a opção de exportar porque a crise na Europa e nos EUA cria excedente de 500 milhões de toneladas de aço por ano: o Brasil produz 48 milhões. Segundo estudo da PriceWaterHouse Coopers, o preço do aço brasileiro está 35% acima da média mundial. Já o polietileno e o polipropileno, matérias-primas do plástico, são 40% mais caros no Brasil, afirma José Ricardo Roriz Coelho, diretor de Competitividade e Tecnologia da Fiesp (que representa a indústria paulista) e presidente da Abiplast (associação da indústria de plástico). "A proteção é muito grande aos oligopólios no setor do plástico", critica ele. A Braskem produz 70% da matéria-prima do plástico consumida no Brasil. Os outros 30% são importados. Em 2007, o Brasil importava 200 mil toneladas de polietileno. Em 2011, esse número havia subido para 780 mil toneladas. "Foi na esteira desse grande aumento que o governo decidiu elevar a alíquota de 14% para 20%, em outubro do ano passado", justifica Luciano Guidolin, vice-presidente da Braskem. "Mas, de lá para cá, a desvalorização do dólar frente ao real, de R$ 2,03 para R$ 1,96, já eliminou metade desse ganho." Há um ano e meio, a Tramontina, que detém 95% do mercado de talheres no Brasil, pediu que o Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC) impusesse sobretaxa de 1.800% sobre os importados da China. Conseguiu a aplicação de 280%, a partir de janeiro, por até cinco anos. De acordo com Gustavo Dedivitis, presidente da Abcon, que representa os importadores, os talheres poderiam ser 40% mais baratos, se o mercado fosse aberto. A Tramontina não quis se manifestar sobre o tema. "O Brasil sempre teve tarifas alfandegárias muito elevadas", relembra o embaixador José Botafogo Gonçalves, principal negociador brasileiro da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) nos anos 90, que fracassou, em grande medida, por causa da resistência do Brasil em abrir seu mercado. "Hoje há mais de 100 produtos com tarifas no Mercosul", contabiliza Botafogo, que também foi embaixador para o bloco. "O Brasil está feliz com o protecionismo argentino, porque justifica o protecionismo brasileiro." "O Brasil foi e é constante defensor das negociações da Rodada Doha (da OMC), que não prosseguem porque os países desenvolvidos não aceitam a retirada de subsídios aos seus produtos agrícolas", afirmou o MDIC, em nota ao Estado. "As negociações para o acordo entre Mercosul e União Europeia estão em fase avançada, de preparação das listas de oferta." Aversão. Na prática, o governo reage ao comércio com aversão. "Tarifa de 35% não existe em lugar nenhum do mundo sobre produto algum", diz Botafogo. "Entre EUA, União Europeia e Japão, as tarifas não chegam a 5%." A tarifa média do Brasil é de 11,6%, segundo o MDIC. "Ainda é muito alta", avalia Botafogo. Os EUA e a União Europeia iniciaram no mês passado negociações para, em dois anos, criar uma área de livre comércio. Ao mesmo tempo, têm feito acordos bilaterais com outros parceiros. O Brasil está de fora desse processo. "O protecionismo, em vez de proteger a indústria, está isolando o Brasil", adverte o embaixador Rubens Barbosa, presidente do Conselho de Comércio Exterior da Fiesp. "Os produtos industriais são compostos de várias partes, que provêm de vários lugares. O Brasil está fora da cadeia produtiva. Ao manter as barreiras, vai dificultar sua integração, porque elas encarecem os produtos da cadeia." A China importa 27% do PIB, compara Miguel Jorge; o México, 32%; a Argentina, 20%; e o Brasil, 12%. Desses bens importados pelo Brasil, só 23% são de consumo. Os restantes 77% são equipamentos e matéria-prima. "O que eu ouvia de grupos de empresários que vinham pedir aumento do Imposto de Importação...", recorda o ex-ministro. "Na maioria dos casos, não tem sentido." Câmbio. A indústria nacional queixa-se também do valor alto do real frente ao dólar. Embora a defasagem tenha diminuído, "o câmbio não está resolvido", avalia Rubens Barbosa. Ele cita estudo da Fundação Getúlio Vargas, segundo o qual a valorização do real frente ao dólar, na casa dos 30% a 40%, dependendo do momento, anula os efeitos das alíquotas de importação, que, pelos compromissos do Brasil com a OMC, não pode superar os 35%. O Índice Big Mac, da revista The Economist, coloca o real 29% acima do que deveria estar. Já Sidnei Nehme, da corretora de câmbio NGO, calcula que o dólar deveria custar R$ 2,10. "Quando mantido na faixa entre R$ 1,95 e R$ 2,05, o câmbio não impacta a compra de eletroeletrônicos, vestuário e brinquedos no exterior", avalia Reginaldo Gonçalves, professor de ciências contábeis da Faculdade Santa Marcelina. Por mais que o câmbio atrapalhe, não explica, matematicamente, o fato de as coisas custarem o dobro ou o triplo, no Brasil. Os impostos têm enorme peso, mas também não contam toda a história. O problema está ainda em um capitalismo sem riscos. Ou melhor, com todos os riscos nas costas dos consumidores. / L.S. .

Impostos e margens explicam preços altos

Atualizado: 31/03/2013 02:09 | Por LOURIVAL SANTADólar barato e ineficiências também contribuem para os custos elevados dos produtos industrializados NNA, estadao.com.br Produtos industrializados custam entre o dobro e o triplo do preço no Brasil, em comparação com outros países. O que mais pesa são os impostos, a margem de lucro e o valor do real frente ao dólar. A ineficiência da indústria, a precariedade da infraestrutura e a baixa produtividade dos trabalhadores, combinada com seus salários em alta, são problemas adicionais. Os industriais, atacadistas e varejistas brasileiros ganham dinheiro de forma diferente dos de outros países capitalistas. Em vez de vender muito, ganhando pouco por unidade, eles vendem pouco, com larga margem de lucro. O governo brasileiro, além de cobrar alíquotas altas, calcula os impostos também de forma diferente da de outros países. Se o produto vale R$ 100 e a alíquota é de 30%, o governo não cobra R$ 30. A alíquota é aplicada não sobre R$ 100, mas sobre R$ 130. Nesse exemplo, em vez de R$ 30, o governo recebe R$ 39. Os tributos vão sendo aplicados, uns sobre os outros, e a cada vez que o produto muda de mãos. A pedido do Estado, a importadora Sertrading fez o cálculo dos impostos sobre três produtos - celulares, calças jeans e brinquedos. Considerando preço inicial de R$ 100 e margens de lucro de 10%, os celulares saltaram para R$ 278 (178% mais), as calças jeans, para R$ 308 (208% mais) e os brinquedos, para R$ 408 (308% mais). O professor Alcides Leite, da Trevisan Escola de Negócios, pesquisou, para o Estado, os preços de iPad, tênis Nike, camisa Lacoste e o automóvel Corolla no Brasil, nos Estados Unidos, onde quem pode vai fazer compras, no México, país com nível semelhante de industrialização do Brasil, e na Itália, conhecida pela carga tributária e burocracia. Quando os preços são convertidos para reais, constata-se que todos custam mais caro no Brasil. O Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário calculou então os impostos cobrados nos quatro países sobre esses quatro produtos. Mesmo subtraindo-se os impostos, continuam bem mais caros no Brasil (ver infográfico). Estudo do Sindipeças, o sindicado dos fabricantes de peças para automóveis, constatou que a margem de lucro das montadoras no Brasil é o dobro da média mundial e mais do triplo da dos EUA. Em média, as montadoras lucram 10% no Brasil, 5% no mundo e 3% nos EUA. Os impostos também são maiores: 32% no Brasil, até 16% no mundo e de 6% a 9% nos EUA. "É margem de lucro", constata Alcides Leite. "Falta concorrência." Cláudio Felisoni de Ângelo, do Programa de Administração de Varejo da USP, analisa: "A margem aqui é bem maior por causa do exercício do poder de monopólio pelas empresas no Brasil, e também por causa da escala". Felisoni fez um estudo comparativo das promoções da Black Friday, tradicional liquidação do Dia de Ação de Graças nos EUA, agora copiada no Brasil. "Nos EUA, os descontos são substanciais", observou. "No Brasil, ou não houve descontos ou os preços foram majorados." Felisoni nota que, nos EUA, qualquer produto está disponível em duas ou três lojas a distância a pé. "O primado do mercado é a competição interna, enquanto aqui há muito menos concorrência", compara. "No Brasil, 40 milhões de pessoas ascenderam à classe média e não têm costume de pesquisar preços na internet." Seu critério é se as parcelas cabem no bolso. A prazo. "As redes de varejo fazem parcerias com financeiras, que instalaram escritórios nas lojas", descreve Alcides Leite. Os preços embutem o custo do financiamento. Não há desconto à vista, até porque não interessa aos comerciantes expor o quanto estão cobrando pelo parcelamento. "As margens aqui são maiores porque os volumes são menores", constata Miguel Jorge, ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, e consultor de comércio exterior. "Quando vê que o seu produto importado está mais barato, o vendedor aumenta a sua margem e aproxima o preço final do praticado no mercado interno." Exemplo recente disso foram os aparelhos da Apple. Fabricados em Campinas com incentivos da Lei de Informática, ainda assim eles continuaram com os mesmos preços de quando eram importados. Procuradas, a Apple e a fabricante Foxconn não quiseram comentar o tema. Em 2010, a indústria automobilística remeteu US$ 4,1 bilhões em dividendos para o exterior; no ano seguinte, o valor alcançou o recorde de US$ 5,6 bilhões. "Fora o dinheiro que ficou, para investimento", anota Miguel Jorge. No ano passado, houve mais investimentos, e as remessas somaram US$ 2,4 bilhões. "É muita margem", conclui. "A indústria é muito ineficiente porque o empresário está muito acostumado com a proteção. Nunca estivemos expostos à competição. Nem todos os países do mundo são produtores de tudo. Teríamos de nos especializar no que fazemos bem." Um dos setores mais protegidos, o de eletroeletrônicos, registra um dos maiores déficits comerciais (exportações menos importações): cerca de US$ 20 bilhões no ano passado. Dessa importação, 70% vai para a Zona Franca de Manaus, que não fabrica: monta, porque as peças e componentes são isentos de impostos de importação para lá. Esses impostos têm peso tão expressivo que, mesmo com os altos custos de transporte, os importados para São Paulo não conseguem competir com os produtos vindos de Manaus. Nesse caso, fica claro que o intuito de promover a indústria nacional, mesmo ao custo de preços mais altos, perdeu-se. Ficaram apenas os preços mais altos. Mas fica também a alta arrecadação, que sustenta um governo que gasta cada vez mais. "O governo é o grande sócio, e ineficiente", resume Felisoni. "Todo mundo quer ganhar do consumidor final: o governo, a indústria e o comércio", define José Roberto Ferro, especialista no setor automotivo. "Mesmo com custos altos, as empresas conseguem margem de lucro razoável, porque o mercado é aquecido. O preço é dado por quanto o consumidor está disposto a pagar. Carro popular custa R$ 40 mil no Brasil porque as pessoas aceitam pagar esse preço." "Noutros países, se a demanda cai, há guerra de preços", observa Ferro. "No Brasil, toda vez que o mercado começa a dar sinais de crise, o governo reduz os impostos temporariamente, protege os carros nacionais contra os importados e deixa intactos a margem de lucro e os preços. Não há competição real com os outros países." Na sua visão, os problemas de custos de produção só serão levados a sério quando as margens caírem. Só então a indústria investirá em eficiência. "A Fiat está mal na Europa e a GM, no mundo inteiro", exemplifica o especialista. "No Brasil, as duas estão bem." A Anfavea, que representa as montadoras no Brasil, afirma não dispor de dados sobre a lucratividade das empresas. "Porém, pela pressão dos custos e pelo grau de concorrência do mercado, não são possíveis resultados fora de padrão", estima Ademar Cantero, diretor de Relações Institucionais da Anfavea. Ele argumenta que "essa concorrência tem pressionado os preços dos veículos para baixo, não permitindo o repasse dos crescentes custos de produção". Entre 2005 e janeiro de 2013, enquanto a inflação medida pelo IPCA foi de 51,5%, o preço dos veículos, pelo mesmo índice, caiu 8,2%. 'Proteção'. Antonio Pargana, da importadora Cisa Trading, vê ligação entre as dificuldades de importar no Brasil e margens altas. "Não bastassem os impostos na veia, um emaranhado de normas fiscais e parafiscais dificulta o entendimento e a formação de preço", analisa ele. "Quando uma situação é desconhecida, na dúvida, o empresário se protege com margens mais altas." Além disso, diz Pargana, as dificuldades "afastam os que poderiam importar, mas têm medo, e outros se aproveitam para cobrar preços excessivos". Segundo ele, "o pequeno e o médio importador têm medo de entrar e, quando entram, tentam ganhar uma fortuna, com quantidade pequena, em vez de importar em grande volume". "A administração tributária comete ousadias incompreensíveis, que causam insegurança jurídica", critica Luís Carlos Melo, diretor do Centro de Estudos Automotivos e ex-presidente da Ford do Brasil. Ele cita a sobretaxa de 30 pontos porcentuais sobre o IPI dos carros importados, aplicada como reação a suposta "invasão" de automóveis chineses. "Em nome da proteção da indústria nacional, manda-se toda a previsibilidade para o espaço. A margem deve ter algum tipo de colchão." "As mudanças constantes desorganizam o comércio: num ano um produto não tem tarifa, noutro, tem de 10% ou 15%", concorda o embaixador José Botafogo Gonçalves, ex-secretário-geral da Câmara de Comércio Exterior da Presidência. "Não é imposto", constata o tributarista Fernando Zilvetti, da Fundação Getúlio Vargas. "Ninguém aqui abre a margem. Lucro deve ser obtido com base na produtividade, em uma margem com escala." O mercado consumidor no Brasil explodiu, diz Zilvetti, mas o preço não cai. "Compensa produzir aqui, tanto que estão vindo fábricas para cá", observa o tributarista. "É cíclico: o empresário se queixa e o governo faz o que ele quer, não o que é melhor para o consumidor."

Falta de armazéns agrava caos logístico

Atualizado: 31/03/2013 02:09 | Por RENÉE PEREIRA, esCapacidade do Brasil é de apenas 80% da safra agrícola. Para atender 100% da demanda, seria necessário investir R$ 15 bilhões tadao. O caos logístico verificado neste início da safra agrícola poderia ser amenizado se o Brasil tivesse mais armazéns para estocar os grãos. Na média, a capacidade do País é suficiente para apenas 80% da safra. Pior: representa só 67% do nível recomendado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) - que é de 1,2 vez a produção anual. Especialistas calculam que, para atender 100% da safra, seria necessário investir cerca de R$ 15 bilhões - bem abaixo dos R$ 133 bilhões previstos para ferrovias e rodovias. Sem armazéns, a colheita rapidamente é transferida para os caminhões que seguem, ao mesmo tempo, para os portos do Sul e Sudeste. O problema é que a infraestrutura rodoviária e ferroviária - sabidamente precária - não suporta o aumento do fluxo de veículos. O problema ficou ainda mais grave com a supersafra agrícola. Na falta de armazéns, os caminhões viram silos ambulantes e comprometem a competitividade do País. Especialistas avaliam que, sozinhos, os armazéns não resolvem todos os problemas logísticos, mas aliviam - no curto e médio prazos - a situação caótica instalada no País. Os investimentos em ferrovias, rodovias e portos, essenciais para elevar a capacidade de escoamento de grãos, vão levar no mínimo de três a quatro safras para começar a surtir algum efeito positivo. O governo federal tem sido alertado para os benefícios de apostar no aumento da capacidade dos armazéns, mas só agora parece ter acordado para o problema. A expectativa é de que, nos próximos dias, seja lançado um pacote para financiar a construção de armazéns em todo o Brasil. A linha deve englobar todas as fases da construção, desde a obra civil até a compra de equipamentos. Procurado, o Ministério da Agricultura não quis se pronunciar sobre o assunto. "Esse era um pleito antigo dos produtores", afirma o gerente de Planejamento da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja), Cid Sanches. Na avaliação dele, com mais armazéns, a produção poderá ficar um tempo a mais nas mãos dos agricultores ou das cooperativas. Além disso, vai evitar prejuízos com a padronização da qualidade do produto, que precisa obedecer requisitos estabelecidos pelas tradings. "Se o grão não estiver na condição estipulada pelos compradores, eles descontam do produtor." Embora, na média, a capacidade de armazenamento do País seja de 80%, a distribuição entre as regiões é desigual. No Centro-Oeste, principal área de produção de soja, a capacidade de armazenamento é de 67% da safra. Em Mato Grosso, maior produtor do Brasil, o nível é ainda menor: de 65%. O sócio da Agroconsult André Debastiani explica que parte significativa dos armazéns está localizada nos portos e zonas urbanas. Segundo ele, aqui apenas 14% da capacidade está na fazenda, enquanto nos EUA o porcentual é da ordem de 40%. O consultor explica que os produtores sempre entenderam a importância de construir armazéns em suas fazendas, mas havia outras prioridades. Os investimentos eram destinados à ampliação da área plantada, compra de sementes, defensivos e fertilizantes, máquinas e equipamentos. "Esses itens sempre vieram antes até porque as linhas de crédito eram mais acessíveis. Para armazenagem, o crédito era mais complexo." Na opinião dele, de todos os investimentos necessários para eliminar o caos logístico, o único que surtiria algum efeito na próxima safra é a construção de armazéns. "Com mais silos, o produtor pode sequenciar melhor o escoamento dos grãos e organizar a exportação dos produtos. Além disso, vai gastar menos com o custo dos congestionamentos dos caminhões." O professor da Fundação Dom Cabral Paulo Resende vai além. Na avaliação dele, com mais capacidade de armazenamento, o produtor ganhará mais poder na formação de preço. "Há um efeito positivo na cadeia de suprimento, uma vez que não é necessário desovar rapidamente a produção." Ele conta que, nos EUA, a armazenagem de grãos é tratada de forma estratégica, já que eles regulam o preço no mercado mundial. Resende atribui o problema à falta de informação conceitual dos planejadores e órgãos públicos. Até hoje, as linhas de crédito criadas para elevar a capacidade de armazenamento eram limitadas e poucos olhavam com mais cuidado para toda a cadeia. Nos EUA, China e Europa, diz ele, a indústria trabalha com logística integrada há anos. Aqui esse conceito praticamente não existe.

'O BC exagerou na redução da taxa Selic'

Atualizado: 31/03/2013 02:06 | Por estadao.com.brNo longo prazo, o crescimento aumenta em países com estabilidade de preço. No curto prazo, se a inflação está...No longo prazo, o crescimento aumenta em países com estabilidade de preço. No curto prazo, se a inflação está instalada e tem inércia grande, o único jeito de combatê-la é com política monetária e política fiscal. E isso, em geral, leva a uma desaceleração do crescimento. A questão é saber porque o Brasil não cresce. Com o País em pleno emprego, essa não é uma economia sem demanda. O Brasil não cresce porque o investimento é insuficiente. O governo precisa de um programa de investimento em infraestrutura, mas não tem dinheiro. É preciso que o setor privado invista. Só que o governo não quer privatização e arbitra uma taxa de retorno baixa. O País, então, não investe em infraestrutura e, por isso, não cresce. O governo fica tentando resolver o problema injetando mais demanda na economia e deixando a inflação subir. E isso cria dois defeitos: crescimento baixo e inflação alta. O BC exagerou quando baixou os juros, porque tentou usar a Selic para estimular o crescimento. A política fiscal brasileira deveria mudar integralmente. É preciso um superávit forte e privatizações para deixar o setor privado investir." / R.L.

'Juros vão subir, mas muito menos do que antigamente'

Posso começar com uma pergunta ao inAtualizado: 31/03/2013 02:06 | Por estadao.com.brverso: será que todo crescimento gera inflação? Acho que não. Estamos num..."Posso começar com uma pergunta ao inverso: será que todo crescimento gera inflação? Acho que não. Estamos num momento em que, na minha opinião, o BC vai ter de subir os juros, dado o grau de difusão da inflação. Pelas experiência passadas, temos o vírus da indexação. Com uma inflação alta e avançando, o grau de desconfiança é um problema para o investimento. Se o governo quer apoiar o crescimento via investimentos, certamente não pode ser leniente com a inflação. Mas do que estamos falando? De uma alta de 0,5 ponto na próxima reunião (do Copom) e 0,5 ponto na outra. Nada como os períodos em que o juro subia para 45%. O gasto de capital do governo tem de subir e fazer deslanchar os investimentos privados. Não dá para usar o câmbio para baixar a inflação. Isso ocorreu desde 1994 até recentemente, e afeta o investimento. Não tem regrinha, não tem modelinho. É tentativa e erro. Não estamos numa situação de explosão inflacionária com desvario de gastos. Mas é claro que a política fiscal também pode ajudar, controlando o gasto corrente."/ R.L.

'O problema não está no BC, mas no Ministério da Fazenda'

É claro que dá para mexer em inflação e crescimenÉ claro que dá para mexer em inflação e crescimento independentemente. Não há relação linear. Dizer que as políticas ortodoxas implicam em sacrifício é uma armadilha retórica. Tudo depende do que seja determinante para o crescimento. No governo Dilma, aumentaram os gastos públicos e o crescimento caiu. É evidente que houve uma deterioração da confiança empresarial em relação ao equilíbrio das contas públicas. A receita supostamente desenvolvimentista heterodoxa fracassou. Para voltar a crescer, o Brasil precisa retomar as reformas, ter políticas macro responsáveis e mais investimento privado. No Brasil, as pessoas relutam a acreditar em algo simples: o investimento é acumulação de capital. As políticas têm de ser amistosas ao capital. A inflação está mais camarada do que eu esperaria dada a deterioração das condições fiscais. O melhor instrumento para combater a inflação é a política fiscal. Sem uma política fiscal sadia, teremos uma solução inferior que é a alta dos juros. O problema não está no BC, mas no Ministério da Fazenda e na Presidência." / R.Lto independentemenAtualizado: 31/03/2013 02:07 | Por estadao.com.brte. Não há relação linear. Dizer que as políticas...

'Real apreciado impede o crescimento'

No curtíssimo prazo, não é possível reanimar o crescimenNo curtíssimo prazo, não é possível reanimar o crescimento e controlar a inflação ao mesmo tempo. O Brasil cresce pouco porque o câmbio está sobrevalorizado. Se a moeda depreciar, o efeito inflacionário é pequeno, mas inevitável e prejudicaria a meta de inflação. Eu acho que o governo deveria corrigir a taxa de câmbio. O ideal seria o dólar a R$ 2,90, mas não há condições políticas, porque, além de compra de divisas e de controle da entrada de capitais, seria necessário um imposto sobre a exportação de commodities. Provavelmente o governo conseguiria levar o dólar para R$ 2,30, o que já seria alguma coisa. O câmbio é um interruptor de luz, que dá ou nega acesso à demanda. Estamos desconectando nossas empresas da demanda. Estou de acordo que é necessário destravar os investimentos, mas só é possível fazer isso criando oportunidades lucrativas para os empresários. Também é necessário uma política de concessões, mas não substitui um câmbio competitivo. Não vejo necessidade de subir os juros. Isso não interessa ao Brasil. O governo ainda tem outros mecanismos, como as medidas macroprudenciais." / R.L.to e controlar a inflação ao mesmo tempo. O Brasil cresce...

Infraestrutura precária pode dar prejuízo de R$ 4 bi a exportadores

A falta de infraestrutura logística poderá representA falta de infraestrutura logística poderá representar prejuízo de R$ 4 bilhões para os produtores nacionais que exportam seus produtos, calcula a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec). Essa é a conta dos custos adicionais comparados a Estados Unidos e Argentina, principais concorrentes do Brasil no fornecimento de grãos para o mundo, afirma o diretor-geral da associação, Sérgio Mendes. "Estamos bobeando há muito tempo", afirma. Segundo ele, a capacidade da infraestrutura já estava no limite para as quantidades que o setor movimentava há 4 ou 5 anos. "Com uma safra recorde, era evidente ter sobressaltos." Para Mendes, o Brasil não pode mais se dar ao luxo de ignorar o potencial hidroviário, que permitiria ampliar a saída da safra pela região Norte, além de reduzir a dependência dos caminhões. O executivo destaca que, para encher um navio graneleiro, são necessárias 2 mil carretas. O Porto de Santos, por exemplo, tem capacidade para oito navios simultaneamente. Se as vias de acesso não estiverem preparadas, o resultado continuará sendo os congestionamentos gigantes como os verificados nas últimas semanas. O especialista em agronegócio e energia Marcos Jank, ex-presidente da União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica), defende, além de mais armazéns, investimentos em novos portos. Ele também acredita que a situação de caos vai se repetir todos os anos se não houver mais oferta no sistema portuário. "Faltam novos berços de atracação." Mas também há falta de capacidade das ferrovias. Em Santos, só metade da soja exportada chega pelos trilhos. No açúcar, a participação é de 35%, e na carga em contêiner, irrisório 1,95%. /R.P. ar prejuízo de R$ 4 bilhões para os produtores nacionais que...

Fazenda anuncia IPI reduzido para carros

Atualizado: 31/03/2013 08:45 | PorSão Paulo, 31/03/2013 - O governo confirmou neste sábado que vai manter a alíquota reduzida do Imposto sobre Produtos... AE, estadao.com.brSão Paulo, 31/03/2013 - O governo confirmou neste sábado que vai manter a alíquota reduzida do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis e caminhões até 31 de dezembro deste ano. O anúncio foi feito pelo Ministério da Fazenda, por meio de nota. Pelo cronograma divulgado no fim de 2012, estavam previstos três aumentos do tributo sobre veículos. O primeiro se confirmou em janeiro. O imposto deveria subir a partir de amanhã e voltaria à alíquota original em julho. A informação de que o aumento do IPI seria adiado foi antecipada pelo Estado na quarta-feira, na coluna Direto da Fonte, da jornalista Sonia Racy. O ministro da Fazenda, Guido Mantega justificou, em entrevista ao Jornal Nacional, que o objetivo da medida é "evitar risco de que houvesse uma queda nas vendas ao longo do ano". Para os veículos flex e a gasolina motor 1.0, as alíquotas subiriam, a partir de segunda-feira, de 2% para 3,5%. O governo, no entanto, decidiu manter o imposto em 2% para esta categoria até o final deste ano. A alíquota original para veículos de até 1.000 cm³ é de 7%. Para os carros flex motor 1.0 a 2.0, a alíquota do IPI deveria passar dos atuais 7% para 9%, e para os veículos a gasolina, de 8% para 10%. O governo decidiu manter as alíquotas nos atuais 7% para os veículos flex e 8% para gasolina. O IPI original desse segmento é de 11% para carros flex e 13% para os que são movidos a gasolina. Para veículos acima de 2.000 cm³, a alíquota permanece inalterada em 25% para os veículos a gasolina e em 18% para os carros flex. Já para caminhões, a alíquota permanece em zero. Também foi prorrogada a alíquota de 2% até 31 de dezembro para comerciais leves. A alíquota original nesse segmento é de 8%. A medida representa renúncia fiscal adicional (recursos que deixarão de ser arrecadados) de R$ 2,2 bilhões de abril a dezembro de 2013 em relação ao que já estava previsto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

Egito espera fechar acordo com FMI esta semana

Atualizado: 31/03/2013 11:25 Uma delegação do Fundo Monetário Internacional (FMI) deve chegar ao Egito na quarta-feira para outra rodada de...| Por estadao.com.brUma delegação do Fundo Monetário Internacional (FMI) deve chegar ao Egito na quarta-feira para outra rodada de conversas relacionadas a um empréstimo de US$ 4,8 bilhões, segundo informou um porta-voz do governo neste domingo. O empréstimo é considerado o último recurso para evitar uma crise no balanço de pagamentos do Egito e para recuperar a imagem do país perante os investidores estrangeiros. Segundo o porta-voz Alaa El Hadidi, o governo espera chegar a um acordo final com o FMI esta semana, tendo em vista o estado de rápida deterioração da economia. O Egito, atualmente em um parlamento e sem data para uma eleição oficial, tem sofrido com um drástico declínio de investimento estrangeiro nos últimos dois anos, desde os conflitos que resultaram na saída do então presidente Hosni Mubarak. A agência de classificação de risco Moody''s reduziu no último dia 21 o rating dos títulos soberanos do Egito de B3 para Caa1, com perspectiva negativa, aprofundando o país no grau especulativo. A Moody''s justificou a ação citando a economia enfraquecida do país, o maior risco de default e a contínua incerteza em torno da capacidade do governo de garantir apoio financeiro do FMI. As informações são da Dow Jones

Para economistas, governo precisa subir juros e estimular investimento privado

Atualizado: 31/03/2013 02:06 | Por Raquel Landim, de Seis economistas de correntes diferentes têm praticamente o mesmo diagnóstico para o dilema do baixo crescimento com inflação alta Os críticos dizem que, com sorte, seis economistas reunidos chegam a sete soluções para o mesmo problema. A resposta para o dilema do baixo crescimento e da inflação alta no Brasil, porém, aponta quase um só caminho. Seis dos principais economistas brasileiros, de correntes de pensamento diferentes, convidados pelo 'Estado' a refletir sobre o assunto, chegaram ao mesmo diagnóstico. Da Casa das Garças, reduto tucano, à Unicamp, de onde saíram os principais condutores da política econômica do governo, incluindo a presidente Dilma, a resposta é quase unânime. Para reanimar o crescimento, o governo precisa estimular o setor privado a investir, e, para domar a inflação, é preciso subir os juros e cortar gastos do setor público. É claro que há divergência sobre como fazer isso. Mas, surpreendentemente, apenas Luiz Carlos Bresser-Pereira - professor emérito da Fundação Getúlio (FGV) e ministro nos governos Sarney e FHC - é contra a alta de juros. Essa discussão ganhou ainda mais relevância na semana passada, depois da polêmica provocada por uma declaração da presidente Dilma. "Não concordo com políticas de combate à inflação que olhem a redução do crescimento econômico", disse, durante encontro dos Brics na África do Sul. "Esse receituário que quer matar o doente em vez de curar a doença, ele é complicado, você entende?" O Brasil vive uma situação complexa e paradoxal. Nos últimos dois anos, o crescimento médio do PIB foi de apenas 1,8%. Ao mesmo tempo, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) bateu em 6% no acumulado em 12 meses até fevereiro, e só não ultrapassou o teto da meta de inflação (6,5%) por conta de manobras, como o corte do preço da energia e os pedidos aos prefeitos para não reajustar a passagem de ônibus. Em 2012, a taxa de desemprego ficou em 4,6%. O País está em pleno emprego, o que significa demanda aquecida. A produção industrial, no entanto, caiu 2,7% no ano passado. Edmar Bacha, um dos pais do Plano Real, fundador e diretor da Casa das Garças, não minimiza os desafios, mas diz que o governo tem hoje todos os instrumentos para lidar com a situação. "Só precisa decidir utilizá-los de maneira adequada", diz. Ele defende uma política "eficaz" de concessões de obras de infraestrutura. A conclusão de Luiz Gonzaga Belluzzo, professor emérito da Unicamp, fundador da Facamp, e um dos conselheiros de Dilma, é parecida. "Se o governo quer apoiar o crescimento através do investimento, certamente não pode ser leniente com a inflação", diz. Belluzzo, no entanto, acredita que um aperto monetário leve será suficiente para recuperar a credibilidade do BC e conter as expectativas de inflação. Gustavo Franco, ex-presidente do BC e hoje sócio da Rio Bravo Investimentos, afirma que o aumento dos juros é uma solução de "qualidade inferior" e que o grande problema da economia brasileira é a "gastança" do governo. "Já deveríamos ter aprendido a lição que é muito melhor combater a inflação atacando a sua causa, que é a política fiscal." Para Yoshiaki Nakano, diretor da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em São Paulo, o Brasil precisa de uma "inversão total" da política fiscal com contração dos gastos correntes, que permitiria, ao mesmo tempo, controlar a inflação no setor de serviços e manter juros baixos e câmbio depreciado para ajudar a indústria. Affonso Celso Pastore, ex-presidente do BC e sócio da A.C. Pastore Associados, diz que o pleno emprego é um sinal inequívoco de que não existe um problema de demanda. "O País não investe em infraestrutura e, por isso, não cresce. O governo fica tentando resolver injetando mais demanda na economia e deixando a inflação subir", resume. Para Bresser-Pereira, os empresários não investem porque o câmbio continua apreciado, apesar da recente desvalorização promovida pelo governo Dilma. "O câmbio é o interruptor da economia, que liga ou desliga a demanda para as empresas." Pelos sinais mais recentes, como os pacotes de concessão de obras de infraestrutura, parece que a equipe econômica de Dilma chegou à mesma conclusão que esses economistas. Mas ainda há muitas dúvidas sobre a convicção e a eficiência com que as autoridades estão implementando as medidas necessárias. Em breve, o BC terá de decidir se sobe ou não os juros e com que intensidade. Será um bom teste.

IPI reduzido mantém produção e emprego, diz Anfavea

A prorrogação da alíquota reduzida do Imposto sobre Atualizado: 31/03/2013 13:49 | Por BEATRIZ BULLA, estadao.com.brProdutos Industrializados (IPI) para automóveis até 2014, anuncA prorrogação da alíquota reduzida do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis até 2014, anunciada na noite deste sábado (30) pelo Ministério da Fazenda, ajuda a manter os níveis de produção e de emprego no setor automotivo, avaliou neste domingo o diretor de Relações Institucionais da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Ademar Cantero. "Mantendo os níveis de vendas, você automaticamente está assegurando níveis de produção e, consequentemente, níveis de emprego", afirmou. De acordo com Cantero, o efeito da medida sobre o mercado é "muito positivo". "A indústria automobilística representa 5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. O efeito econômico social desse mercado é muito importante na economia. Nós saudamos a medida", afirmou Cantero. A questão do incentivo fiscal foi levada ao Ministério da Fazenda pelas associações como um dos temas tratados em reuniões com o governo. "Evidentemente, nós temos muitos encontros com o governo em função dos nossos temas. Esse tema da possibilidade de prorrogar o IPI nós discutimos com o governo, que, considerando o efeito disso na economia, decidiu prorrogá-lo." O setor automotivo já contratou, em janeiro e fevereiro deste ano, 1.819 trabalhadores, segundo a Anfavea. Reportagem publicada na edição de ontem do jornal O Estado de S. Paulo mostra que a indústria automobilística, com 131,7 mil trabalhadores, está perto de atingir seu recorde histórico em número de funcionários (133,6 mil em fins de 1980). A partir de abril, a alíquota de IPI sobre veículos subiria novamente - após uma primeira rodada de aumento no início do ano - e, em julho, retornaria à alíquota original. Os veículos flex e a gasolina de até 1.000 cilindradas, por exemplo, teriam a partir de segunda-feira as alíquotas majoradas de 2% para 3,5%. O governo, no entanto, decidiu manter o imposto em 2% para a categoria até o final do ano. O diretor da Anfavea ressaltou que, no início do ano passado, o setor registrava queda nas vendas de automóveis, movimento revertido depois do anúncio do benefício do IPI reduzido. "O governo adotou a redução do IPI, as montadoras também reduziram os seus preços e o crédito foi destravado. Em função desse conjunto de medidas, no ano passado conseguimos inverter essa curva para um crescimento de 4,5% no mercado", disse Cantero iada

Confisco pode chegar a 60% para os clientes do Banco de Chipre

Situação só nãAtualizado: 31/03/2013 16:51 | Por Andrei Netto, correspondente, estadao.com.bro é pior do que no banco Laiki, onde os correntistas com recursos acima dePARIS - Uma semana após a aprovação de um plano de resgate de € 17 bilhões, o governo do Chipre e os correntistas dos maiores bancos do país começam a descobrir a amplitude do confisco exigido pela União Europeia, o Banco Central Europeu (BCE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Cálculos preliminares e extraoficiais indicam que o corte no saldo de contas correntes, poupanças e investimentos com mais de € 100 mil poderá chegar a 60% para os clientes do Banco de Chipre, o maior da ilha. A situação só não é pior do que no banco Laiki, onde os correntistas com recursos acima deste valor perderão 100%. O confisco de recursos de investidores privados foi a fórmula encontrada por Bruxelas e pelo FMI para fazer com que o governo cipriota arrecade € 7 bilhões em recursos, montante da contrapartida do país aos € 10 bilhões em recursos internacionais que lhes serão emprestados. Pelo acordo de socorro, o Banco Laiki (Popular) será extinto. Clientes com menos de € 100 mil serão transferidos ao Banco de Chipre, enquanto os demais perderão seus recursos. O memorando de entendimento também previa o confisco de parte dos recursos dos clientes do Banco de Chipre. Há uma semana, Jeroen Dijsselbloem, coordenador do fórum de ministros de Finanças da zona do euro (Eurogrupo), havia estimado os cortes entre 25% e 40%. No sábado à noite, o Banco Central cipriota informou que o corte será de 37,5%, valor que será transformado em ações da instituição - o que transformará, compulsoriamente, os correntistas em sócios do banco. Além disso, outros 22,5% serão congelados e poderão ser confiscados caso o governo precise de recursos extras. "A primeira estimativa feita é de que 37,5% dos depósitos acima de € 100 mil serão convertidos em ações", confirmou o ministro das Finanças, Michalis Sarris. "Por segurança, uma vez que os cálculos foram feitos sobre o montante que precisamos, 22,5% ficarão em separado." Segundo nota do BC cipriota, a decisão será informada "90 dias após o fim da avaliação". Alternativas Conforme o porta-voz do governo cipriota, Christos Stylianides, as autoridades também buscarão outras alternativas para geração de recursos, "investigando todos os aspectos da crise no setor bancário". Para Stylianides, as opções podem incluir "a supressão ou a redução de empréstimos e outros serviços fornecidos por bancos cipriotas no país e no exterior". Chipre viveu um feriado bancário de 12 dias em razão da turbulência financeira no país. As agências bancárias foram reabertas na quinta-feira, mas um controle de fluxo de capitais, estabelecendo limites estritos para os correntistas, entre os quais saques de € 300 por semana e transferências internacionais de até € 5 mil por mês. Segundo relatório do Instituto da Finança Internacional (IIF), o órgão que representa grandes investidores mundiais, o plano de socorro da UE para o Chipre causará uma depressão da ordem de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do país em apenas dois anos. Para efeitos de comparação, a Grécia, nação mais atingida pela recessão na Europa, levou cinco anos para chegar à depressão de 20%.

O fantasma do plano Collor amedronta a Europa

O fantasma do plano Collor amedronta a Europa domingo, 31 de março de 2013 • 12:32Apesar de ser uma ilha de apenas 9,5 mil quilômetros quadrados (menos da metade de Sergipe, o menor Estado brasileiro) encravada no Mar Mediterrâneo, o Chipre provocou, nos últimos dias, uma onda de pânico na Europa. Com o temor de que a falência do sistema financeiro do país contaminasse a já debilitada economia do Velho Continente, o conjunto de forças chamado de “troika” (União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) aprovou um plano de resgate de 10 bilhões de euros para socorrer os cipriotas. O dinheiro, porém, só será liberado com uma condição: a reforma completa do sistema financeiro do Chipre. O surpreendente é que o programa elaborado pelo governo cipriota – e que foi chancelado pela troika – prevê o confisco dos depósitos bancários. Se você pensou no famigerado Plano Collor, não se enganou. O mesmo confisco que traz pesadelos para os brasileiros (e que deixou como saldo a pior recessão da história recente do Brasil) será adotado agora do outro lado do oceano. Pior ainda: teme-se que esse modelo seja replicado por outros países europeus. Na semana passada, Jeroen Dijsselbloem, ministro das finanças da Holanda e presidente do Eurogrupo, declarou que o pacote cipriota pode servir de inspiração para futuros resgates realizados na Europa. Diante da repercussão negativa, o ministro divulgou um desmentido, dizendo que o Chipre era “um caso específico”. Ele não evitou, porém, as quedas nas bolsas de valores e a desvalorização do euro frente ao dólar. O pacote cipriota poderá confiscar integralmente o dinheiro de quem tem mais de 100 mil euros no Banco Popular, chamado de Laiki, e até 40% dos recursos dos correntistas do Banco do Chipre. Somados, os saldos representam 11,2 bilhões de euros. Os depósitos de até 100 mil euros são segurados devido a um acordo entre os líderes da zona do euro, mas estiveram sob ameaça na primeira proposta enviada ao Parlamento. O plano rejeitado, que previa taxar em 6,75% os pequenos e médios poupadores, causou indignação imediata na ilha e espalhou pânico em outros países. “O confisco transmite uma situação de desconfiança do sistema bancário”, diz André Biancareli, professor do Centro de Estudos de Conjuntura Política Econômica da Universidade Estadual de Campinas. “Isso pode ser a semente para uma tragédia econômica mais significativa.” Na opinião da chanceler alemã, Angela Merkel, que conduziu o acordo, os custos do resgate foram bem distribuídos. Para alguns analistas, a gritaria contra as medidas se deve ao fato de o Chipre ser um paraíso fiscal – principalmente para investidores russos –, com ativos que totalizam oito vezes o PIB da ilha. O impacto do plano de resgate deve ser sentido por toda a população. Depois de manter as instituições fechadas por mais de 10 dias, o governo anunciou sua reabertura parcial com estrito controle do fluxo de capitais para evitar uma corrida aos bancos. Os correntistas cipriotas não poderão, por exemplo, sacar mais de 300 euros por dia, e sofrerão limites para transações comerciais e uso do cartão de crédito no Exterior. As restrições, espera-se, serão temporárias. Na quarta-feira 27, dia do anúncio, manifestantes se reuniram em frente ao Palácio Presidencial, na capital Nicósia, para protestar contra as medidas. Por coincidência, o presidente do Banco Central, a quem os manifestantes se referem como “traidor”, chama-se Panicos Demetriades. Dadas as atuais circunstâncias, não poderia ser mais apropriado. Na semana passada, ISTOÉ procurou os mentores do Plano Collor: Zélia Cardoso de Mello, Ibrahim Eris, Antônio Kandir e o próprio Fernando Collor. Nenhum deles quis comentar o confisco cipriota. Terra

Retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão pode custar até 6 mil milhões de dólares

Retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão pode custar até 6 mil milhões de dólares A retirada das tropas americanas do Afeganistão, onde permanecem 68 mil soldados, vai custar entre 5 mil milhões a 6 mil milhões de dólares (entre 3,89 mil milhões de euros e 4,67 mil milhões de euros), estimou o Exército americano. A retirada é uma evolução natural da guerra. A retirada do Afeganistão é um dos maiores desafios da história das operações de transporte militar em termos de escala e de complexidade", disse o general Steven Shapiro, numa resposta escrita à agência de notícias France Press, referindo-se a despesas de repatriamento. Segundo o comandante das tropas americanas, permanecem estacionados no Afeganistão cerca de 100 mil contentores e 25 mil veículos militares dos Estados Unidos, depois dos 50 mil que foram retirados em 2012. Agência Lusa

Chipre à beira de explosão social

31.03.2013, 17:18, hora de Moscou O governo do Chipre promete encontrar e castigar os culpados da crise. Os mídia locais afirmam que nos 5 últimos anos os bancos, agora à beira da falência, cancelavam as dívidas de altos funcionários e políticos que haviam tomado créditos milionários. O povo recusa-se a entender a lógica do plano de salvação, considerando que pela crise devem pagar os próprios banqueiros. Há alguns dias, os manifestantes exigiram rejeitar as propostas avançadas pela troika de credores internacionais, qualificando-as como “nefastas”. Certos analistas receiam em sério o início de desordens em massa, asseverando que o “tonel de pólvora” pode explodir no Chipre a todo momento

EUA: marca registrada iPad Mini foi negada à Apple

31.03.2013, 17:31, hora de Moscou O bureau de patentes dos EUA negou à companhia Apple o registro da marca iPad Mini. Os funcionários acharam que esse nome, exclusivamente descritivo, da popular prancheta, precisa de singularidade. A Apple tem tempo até julho para provar ao bureau de registro de patentes e marcas que esse dispositivo difere sensivelmente dos outros e merece um nome próprio.

Norte-americanos gastaram $5 milhões com desenho de medusa eletrônica

31.03.2013, 17:52, hora de Moscou Cientistas estadunidenses receberam $5 milhões para desenhar a medusa eletrônica que pretendem utilizar para missões de reconhecimento militar. Segundo a edição Science Recorder, o projeto de medusa-robô Cyro foi implementado pelos pesquisadores da Universidade Politécnica da Virgínia. O protótipo de robô tem 170 cm de diâmetro e pesa cerca de 77 kg. Cyro é uma versão ampliada de outro robô, RoboJelly, desenhado em 2012. Contudo, a versão anterior tinha o tamanho da palma da mão.

Chipre: família do presidente retirou seus milhões do Laiki Bank

31.03.2013, 21:18, hora de MoscouAs companhias pertencentes aos parentes do presidente cipriota Nicos Anastasiades transferiram a Londres dezenas de milhões de euros do Banco Popular do Chipre (Laiki) em 12 e 13 de março, dias antes da decisão do Eurogrupo que provocou uma gravíssima crise nesse país, escreve o jornal cipriota Haravgi online, órgão do Partido Progressista do Povo Trabalhador (AKEL). Segundo o acordo com o Eurogrupo, o Laiki Bank deverá ser restruturizado, e os depósitos superiores a 100 mil euros poderão perder 80% das verbas.

Tóquio diz que "não pode permitir" provocações da Coreia do Norte

31.03.2013, 22:21, hora de Moscou O ministro porta-voz do governo do Japão, Yoshihide Suga, afirmou neste domingo que seu país "não pode permitir a provocação agressiva da Coreia do Norte", em resposta às crescentes ameaças do regime de Pyongyang. Perguntado sobre as medidas que o governo japonês poderia tomar, Suga disse, segundo a agência de notícias Kyodo, que o país vai reforçar a vigilância e "manter uma relação estreita com EUA, Coreia do Sul, China e Rússia", grupo de países com os quais o Japão negocia questões relacionadas à Coreia do Norte. A reação do governo japonês ocorre um dia após o regime de Pyongyang anunciar que tinha entrado em "estado de guerra" dentro de uma escalada de ameaças contra Coreia do Sul e EUA. O governo norte-coreano disse neste domingo através do jornal Rodong Sinmun que as bases militares americanas em território japonês serão alvo de ataque caso se desencadeie um conflito armado na península da Coreia. O jornal do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte citou hoje as bases americanas de Miasawa, Yokosuka e Okinawa, no Japão, como suscetíveis de ataque. -- Folha Online

Animal mais ameaçado da Amazônia, sauim-de-coleira pode ser extinto em poucas décadas

Animal mais ameaçado da Amazônia, sauim-de-coleira pode ser extinto em poucas décadas Desmatamento, pressão imobiliária e crescimento desordenado de Manaus têm reduzido população do primata, que é endêmico da capital amazonense Manaus, 31 de Março de 2013 Desmatamento ameaça existência do Sauim de Coleira (Márcio Silva) Dos bichos amazônicos, o sauim-de-coleira é o mais ameaçado de extinção. Integra o nível mais grave (criticamente em perigo) do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada elaborada do Governo Federal, com base em levantamento da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). O sauim-de-coleira supera em vulnerabilidade o peixe-boi, a onça pintada e outros primatas e felinos selvagens. A principal causa é o desmatamento sem controle da cidade onde vive: Manaus (AM). Na linha evolutiva da ocupação de territórios, seus grupos ancestrais não “imaginavam” que o local escolhido para viver se transformaria na maior metrópole da região Norte, que sua casa seria transformada em asfalto e cimento, que sua floresta de onde tira alimento se reduziria drasticamente. Que, diferente do que acontece com outros parentes primatas, a ameaça de sumir do mapa é tão real quanto iminente. Macaco da espécie Saguinus, o sauim-de-coleira (Saguinus bicolor) está encurralado. Uma significativa barreira geográfica (os rios Negro e Solimões) e o receio de competir com outra espécie provavelmente mais forte, o sauim-de-mãos-douradas (Saguinus midas), impedem que este primata de duas cores tente sobreviver em outro local. Por mais ameaçados que estejam, animais como peixe-boi, boto e onça têm uma área de distribuição abrangente. Já o sauim-de-coleira ocorre em uma área extremamente restrita. Só existe em Manaus e em algumas áreas ainda pouco conhecidas dos municípios de Rio Preto da Eva e Itacoatiara. Mas neste último, somente até a região do rio Urubu. Se nada for feito para salvá-lo, em um futuro próximo (estimativa de 50 anos ou, para alguns menos otimistas, 20 anos), ele só poderá “ser visto em fotografias”, como alerta o diretor do Centro de Primatologia do Rio de Janeiro, Alcides Pissinatti, um dos maiores especialistas em primata do mundo. Azar Também conhecido como sauim-de-manaus (nome que os especialistas preferem não adotar), este pequeníssimo primata pode ser considerado um “azarado”? Para o veterinário e analista ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Diogo Faria, sim. O sauim-de-coleira teve o “azar” de optar por viver no que seria, muito mais tarde, Manaus. Azar do sauim-de-coleira, sorte dos manauenses que, contudo, ainda não reconhecem o privilégio de ter nas mãos uma espécie exclusiva de animal silvestre. A prova está no avanço descontrolado de canteiros de obras nos já poucos fragmentos florestais de Manaus, na ausência de ações de salvaguarda por parte dos grandes empreendimentos, no desconhecimento sobre sua condição vulnerável e até mesmo nos mais banais atos de crueldade, como pedradas, atropelamentos e confinamento em cativeiro doméstico. “Temos uma espécie de animal lindíssima que ocorre no nosso quintal e que está sumindo. Ao invés das pessoas terem o comportamento de admirar, de gostar, de amar, elas tacam pedra, dão paulada, atropelam, desmatam”, comenta Diogo Faria, um dos vários integrantes de um programa lançado em dezembro 2011 pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e cuja execução conta com a participação de várias instituições de pesquisa e órgãos públicos: o Plano de Ação Nacional de Conservação (PAN) do Sauim-de-Coleira. A constatação do grave perigo vivido pelo sauim-de-coleira levou o ICMBio a se articular com instituições do Amazonas e de outras regiões e com pesquisadores que estudam o sauim-de-coleira. Desta forma, o animal tornou-se o primeiro primata da Amazônia a receber as ações de um PAN do ICMBio. Portaria A portaria 94 de 2 de dezembro de 2011, assinada pelo presidente do ICMBio, Rômulo Fernandes Barreto Mello, estabelece planos de ação para proteger o sauim-de-coleira e tentar salvá-lo da extinção. A proposta pretende reduzir a taxa de declínio populacional e assegurar áreas protegidas para a espécie com pelo menos oito populações viáveis de 500 indivíduos cada. O plano tem uma vigência até 2016. Uma das maiores dificuldades da viabilização do plano é a falta de financiamento. O PAN estabelece as metas, mas seus integrantes precisam correr atrás do dinheiro, o que tem sido um dos obstáculos para que o plano avance. Diogo Faria, por exemplo, que faz parte da ação dedicada à implementação de campanhas de educação ambiental, tenta produzir um filme destinado especialmente às crianças sobre a importância de proteger o sauim-de-coleira. “Recorremos a algumas empresas, mas ainda não conseguimos. Precisamos de R$ 25 mil para a produção do filme”, disse. Marcelo Gordo, professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e um dos principais especialistas em sauim-de-coleira, diz que a grande relevância do plano é que ele dá o direcionamento à elaboração de projetos que se destinam a conseguir financiamento. Mas ele reconhece que ainda falta muito. “Sabe por que o plano não corre do jeito que a gente deseja? Por que não tem dinheiro. Mas esse plano dá uma norteada e facilita para quem está tentando conseguir recursos”, diz Gordo, membro do PAN e do comitê de monitoramento de avaliação do plano. Metas do Plano de Conservação . Inserção de, pelo menos, 30% da área de distribuição de sauim-de-coleira em unidades de conservação. . Aumento da conectividade entre as áreas ocupadas, priorizando áreas acima de 10 mil hectares e em pelo menos 30% dos fragmentos urbanos de interesse para a conservação da espécie. . Entre estes fragmentos estão Bacia do Mindu, Tarumã-Ponta Negra e Distrito Industrial. . Programa de pesquisa que compreenda mecanismos relacionados à expansão do sauim-de-mãos-douradas sobre as áreas do sauim-de-coleira. . Criação de um programa de manejo e em cativeiro para a conservação da espécie. . Programa de educação ambiental para reduzir em 50% mortalidade do animal causada pelos seres humanos. . Implementação de 100% das áreas verdes municipais e manutenção e/ou recuperação de pelo menos 20% da cobertura florestal dos loteamentos urbanos. ELAÍZE FARIAS

PR foi estado do Sul que mais teve transferências da União

PR foi estado do Sul que mais teve transferências da União Em contrapartida, paranaenses ficaram em último lugar nas aplicações diretas e nos investimentos feitos pelo governo federal em 2012 31/03/2013 | 09:28 | André Gonçalves, correspondenteEm 2012, o governo do Paraná foi o que mais recebeu transferências da União entre os três estados do Sul. Por outro lado, ficou atrás de Santa Catarina e Rio Grande do Sul no volume de empenhos diretos feitos pela gestão federal. Também perdeu na comparação do volume geral de investimentos (dinheiro utilizado apenas para obras) e nos empenhos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A análise é baseada em dois bancos de dados públicos. Os números sobre transferências estão disponíveis no Portal da Transparência do governo federal. As demais informações sobre a execução da Lei Orçamentária Anual (LOA) são de pesquisas publicadas no sistema Siga Brasil, mantido pelo Senado (veja todas as informações no quadro ao lado). Orçamento nobre RS e SC receberam o maior volume de recursos para obras Considerados a parte mais nobre do orçamento, os investimentos da União em 2012 foram menores no Paraná do que na comparação com os dois vizinhos regionais. O volume total de empenhos para obras no Rio Grande do Sul foi de R$ 2,87 bilhões (R$ 268 por habitante), contra R$ 1,12 bilhão para Santa Catarina (R$ 180 por habitante) e R$ 894 milhões para o Paraná (R$ 86 por habitante). Ao longo da execução orçamentária, o empenho funciona como uma reserva de recursos – parte dele foi efetivamente paga no ano passado, e o restante foi incluído no orçamento de 2013 como restos a pagar. A situação do Paraná piora em uma análise apenas das obras listadas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Ao todo, apenas R$ 336 milhões em empreendimentos do PAC no estado tiveram recursos empenhados (R$ 32 por habitante). Enquanto isso, os gaúchos tiveram quase quatro vezes mais empenhos (R$ 1,36 bilhão ou R$ 127 por habitante) e os catarinenses, duas vezes mais (R$ 779 milhões ou R$ 125 por habitante). De 11 obras do PAC identificadas especificamente no Paraná dentro do orçamento de 2012, quatro não chegaram a receber empenhos. Outras 12 obras no Paraná, mas que aparecem dentro da localidade “nacional”, também não receberam empenhos. Do total de empenhos realizados, R$ 256 milhões foram destinados para manutenção de trechos rodoviários federais. Repasses Confira abaixo alguns arquivos brutos (em formato Excel) de pesquisa extraídos do portal Siga Brasil, do Senado Federal, sobre a execução orçamentária nos estados do Sul. Dados sobre transferências também estão disponíveis no Portal da Transparência, do governo federal: http://br.transparencia.gov.br. PAC Investimentos em obras do PAC por unidade da federação Recursos aplicados diretamente pela União no Paraná em Santa Catarina no Rio Grande do Sul Panorama geral de aplicações de recursos federais por estados e por regiões Recursos regionalizados “Saber exatamente o que cada estado recebe da União é muito complexo, nós mesmos nunca conseguimos chegar a esses números claramente”, diz o diretor da ONG Contas Abertas, Gil Castello Branco. No Paraná, diferentes interpretações desses números geraram na semana passada um embate público entre o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo (PT), e o governador Beto Richa (PSDB). Ex-ministro do Pla­­ne­­­jamento durante o governo Lula, Bernardo disse que os números indicam que o Paraná recebeu R$ 3,8 bilhões em repasses do governo federal, em 2012, contra R$ 3,47 bilhões do Rio Grande do Sul e R$ 1,98 bilhão de Santa Catarina. Já Richa reclamou que o Paraná recebe a menor quantia para investimentos entre os estados do Sul. Ambas as colocações estão corretas, mas são recortes dentro de um universo geral de aplicação dos recursos federais. Em linhas gerais, o dinheiro arrecadado pela União retorna ao contribuinte de três formas. A primeira é por meio de transferências tributárias constitucionais aos estados e municípios, que são obrigatórias e englobam, por exemplo, os fundos de participação. A segunda são as demais transferências legais e discricionárias, como os convênios. Nos dois casos, as responsáveis por “gastar” o dinheiro são as administrações municipais e estaduais. A terceira forma é a aplicação direta de recursos pela União – como na manutenção das universidades federais. Na comparação com os vizinhos sulistas, o Paraná realmente recebeu em 2012 mais transferências obrigatórias e os convênios, como disse Bernardo, mas ficou em último lugar nos repasses diretos, como indicou Richa. Levando-se em consideração apenas as transferências constitucionais por habitante, cada paranaense recebeu R$ 283 no ano passado, contra R$ 247 de cada gaúcho e R$ 230 de cada catarinense. A situação muda quando são identificados os demais empenhos na lei orçamentária. Sem contar as transferências constitucionais, a União fez empenhos de R$ 920 por gaúcho, R$ 677 por catarinense e R$ 534 por paranaense. “Normalmente quando se trata de dinheiro público é assim, cada um faz a estatística que melhor lhe convém”, afirma o professor de orçamento público da Universidade de Brasília, James Giacomoni. Em seis comparações de universos diferentes feitas por habitante, contudo, o Paraná aparece em último lugar em quatro.

Domingo, 31 de março de 2013

Domingo, 31 de março de 2013 - MaringáBrasil erra ao não focar na indústriaDesindustrialização não é consenso entre analistas. Mas a retomada do setor é ponto determinante para o crescimento da economiaA queda da participação da indústria da transformação no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro vem desde a década de 1980 – de uma média de 33% das riquezas para 16%, nos últimos dez anos. O fato, somado ao avanço do setor de serviços para quase 70% do PIB em 2012, evidenciaria o fenômeno da desindustrialização, um processo normal de transição de base econômica em um país, não fossem algumas particularidades brasileiras. Para analistas, o Brasil não está preparado para ser “desindustrializado”, e continuará a crescer a passos de tartaruga se não trocar o modelo de incentivo ao consumo interno pelo de investimento e desenvolvimento da indústria. A principal particularidade que diferencia a desindustrialização brasileira do padrão descrito nos livros de Economia, segundo Gilmar Mendes Lourenço, economista e diretor-presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), está no fato de a indústria do país não ter completado o terceiro estágio de sua evolução – aquele em que a atividade fica baseada no uso de insumos petroquímicos e na manufatura e com alto nível de conhecimento tecnológico próprio. Efeitos Setor têxtil é o que mais sofre no Paraná O cenário difícil de alta carga tributária e falta de infraestrutura, combinado à enxurrada de produtos asiáticos baratos que desembarcam por aqui, acertou em cheio a indústria têxtil brasileira e em especial a do Paraná, que tem o segundo maior polo do ramo no país. Pelos dados da Fiep, a federação das indústrias, o gênero é o que sofreu a maior regressão nas vendas nos últimos dez anos. Elas caíram 73%, com a maior parte das empresas desistindo do comércio exterior. O número contrasta com nichos como o de veículos automotores e alimentos e bebidas, que avançaram bastante no mesmo período – 119% e 79%, respectivamente. A indústria têxtil também tem um dos menores índices de uso da capacidade instalada do estado: 50%. No início do mês, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Aguinaldo Diniz Filho, disse que a desoneração da folha de pagamento do setor – adotada em abril de 2012, dentro do programa Brasil Maior – não conseguiu reverter o cenário. Cerca de 7 mil pessoas teriam sido demitidas em 2012, ante 16 mil no ano anterior. O setor busca mais desonerações e outras formas de valorizar sua produção. Um dos exemplos é o Paraná Bussiness Collection (PBC), que, em uma ação coordenada, realizou duas edições no ano passado para apresentar a moda produzida aqui. Parte desse descompasso, conforme o economista e professor da USP de Ribeirão Preto Luciano Nakabashi, teria começado nas décadas de 1980 e 1990, com o colapso do modelo de substituição de importações – a tentativa de se produzir tudo no Brasil. Esse processo teria colaborado para “inchar” a indústria brasileira no período, tornando-a excessivamente grande em relação ao PIB e pouco competitiva externamente – o que também ajuda a explicar o seu retrocesso anos mais tarde. A outra parte do descompasso vem de fatores que ajudaram a formar a nova classe média brasileira nos últimos anos e que tomam o sentido oposto ao adotado por outros emergentes de maior sucesso, especialmente os asiáticos: valorização cambial, infraestrutura precária, alta carga de impostos e uma renda sustentada no aumento do consumo e do salário mínimo, sem grande melhora na produtividade. Valor agregado O papel da indústria é importante porque ela ainda é o setor da economia com maior poder de encadeamento – de trazer o restante da economia consigo – e de gerar produtos e emprego de maior valor agregado a partir de uma base concreta: conhecimento e produção tecnológica. O crescente setor de serviços tem gerado, por enquanto, uma base de emprego pouco qualificada e de baixa remuneração. Foco Mais que a necessidade de se fazer as reformas estruturais necessárias, especialmente a tributária, e de se promover os investimentos públicos e privados, os analistas sugerem que é preciso focar. “Não podemos querer produzir todos os bens industriais no Brasil. Temos de focar em alguns segmentos mais dinâmicos para que sejamos competitivos internacionalmente nestes. Ou seja, a política de conteúdo nacional [adotada hoje] é uma estratégia que acaba tornando nossa indústria menos competitiva”, opina Nakabashi. 2013 será melhor, mas sem bonança A maioria das expectativas indica que, após a retração de 2012, a indústria nacional terá um ano melhor em 2013. Analistas dizem que a maioria dos segmentos já ajustou estoques e os investimentos devem ser retomados. Mas isso não quer dizer que o ano será de bonança. Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), a perspectiva é de crescimento modesto, em torno de 2,5%. Isso porque os números recentes de produção e emprego industrial não animam. Os dois indicadores têm se mostrado descolados um do outro. De dezembro para janeiro, a apuração mensal do IBGE mostra que o número de ocupados na indústria ficou estável, ante uma expansão de 2,5% da produção. “Se ele [o emprego] se mostrou mais resistente no passado, quando a produção recuava fortemente, agora que a atividade industrial dá sinais de alguma recuperação não se vê uma reação do emprego no mesmo sentido”, afirmou o Iedi em relatório recente. Para o instituto, esse movimento deve ser tomado como uma indicação de que a indústria está longe de ter entrado numa trajetória de franca recuperação. Produtividade O diretor-presidente do Ipardes, Gilmar Mendes Lourenço, é ainda mais incisivo. Para ele, como a maior parte dos postos de trabalho criados entre 2000 e 2010 foi absorvida pela faixa de remuneração de até dois salários mínimos, com larga presença do setor de serviços – que paga, em média, salários 30% inferiores aos da indústria –, “a nação está condenada a ver minguar a sua produtividade e o seu potencial de geração de renda”.

Lagartas atacam plantações de milho transgênico no Paraná e no DF

Lagartas atacam plantações de milho transgênico no Paraná e no DF 'Lagarta do cartucho' fica escondida onde as folhas se formam. 31/03/2013 08h15- Atualizado em 31/03/2013 08h15 Agricultores do DF utilizam cada vez mais agrotóxicos para A tecnologia que deveria matar as lagartas na lavoura de milhos transgênicos, não está conseguindo eliminar a praga. Em algumas regiões do país, como o Paraná e Distrito Federal, produtores estão preocupados com o prejuízo. O agricultor Ildefonso Ausec plantou na safrinha 60 hectares de milho no município de Ourizona, norte do Paraná. A lavoura é transgênica, que deveria ser resistente à lagarta. A praga também atacou o milharal de seu irmão, João Paulo. “É só procurar que tem. Essa é a lagarta do cartucho. Não tem dúvida”, conta o agricultor. A lagarta tem esse nome popular, porque fica escondida no funil da planta, no chamado cartucho, onde as folhas se formam. O nome científico dela é bem mais complicado: spodoptera frugiperda. O agrônomo Erico Rigolim explica como o milho transgênico foi programado para resistir ao ataque das lagartas, através da inserção de um bacilo na semente. “Um determinado bacilo ataca no intestino, no aparelho digestivo da lagarta transformando em cristais e matando o bicho, mas não está funcionando porque está criando resistência”. Apenas em uma área, o produtor Ildefonso já passou veneno quatro vezes, e ainda assim a infestação é grande. A maioria das plantas está com as folhas bem estragadas, cortadas. A nota fiscal do agricultor comprova a aquisição das sementes transgênicas com a tecnologia Herculex. Ele adquiriu sementes da empresa Pioneer, da variedade p-3431 h. Ildefonso começou a passar inseticida 15 dias após o plantio. “O tamanho que ela está não tem condições. O prejuízo será muito maior agora se insitir em passar veneno. Até quando?”, questiona Ildefonso. O problema não está acontecendo apenas no Paraná. Em Tabatinga, no Distrito Federal, os produtores que cultivaram milho transgênico, enfrentam o mesmo problema. O agrônomo Gilson Rodrigues diz que isso está ocorrendo com uma determinada tecnologia. “Observamos principalmente na tecnologia Herculex”. O que intriga os produtores e técnicos é que, mesmo seguindo as orientações do cultivo de transgênicos, o ataque das lagartas persiste. O agricultor Eduardo Tiggemann, por exemplo, fez a chamada área de refúgio. A parte do milho transgênico é de 450 hectares. Ao lado, ele cultivou um talhão de 45 hectares com a variedade convencional. O objetivo do refúgio é permitir que aconteça na área o cruzamento das lagartas que frequentam os dois tipos de milho e assim evitar que elas criem resistência ao transgênico. "Em relação ao número de lagartas hoje você não consegue ver diferenças entre as duas plantações. O número de lagartas por planta é a mesma nas duas tecnologias", conta o agricultor. O Globo Rural procurou a resposta das duas empresas que vendem essa tecnologia no Brasil. Nós procuramos a empresa Dow Agrosciences, que desenvolveu a tecnologia do milho transgênico. Ela nos informou que a responsabilidade cabe a outra empresa, a Pioneer, do município gaúcho de Santa Cruz do Sul. É ela que produz e vende a semente Herculex no mercado brasileiro. A Pioneer não quis dar entrevista gravada e respondeu através de nota, que a maioria dos agricultores não adota todas as práticas de controle, como áreas de refúgio, monitoramento e rotação de culturas. tópicos: Ourizona, Santa Cruz do Sul DO GLOBO RURAL

Chuva prejudica o trabalho nas lavouras de soja do Mato Grosso

Chuva prejudica o trabalho nas lavouras de soja do Mato Grosso Colheita está na reta final, mas a chuva não dá trégua.31/03/2013 08h15- Atualizado em 31/03/2013 08h15 No principal estado produtor, os agricultores já fazem um balanç A colheita da soja em Mato Grosso, principal estado produtor, caminha para reta final e os agricultores da região de Diamantino já fazem um balanço da safra já que as chuvas estão prejudicando a colheita. Em uma área de 400 hectares do agricultor José Cazzeta, as máquinas ainda nem começaram o trabalho. A colheita está 10 dias atrasada. “Podemos perder, até agora, entre três e quatro sacas por hectare, por causa do peso da soja”, explica Cazzeta. Além das questões climáticas, os agricultores sentem diretamente os problemas de transporte para o escoamento da safra. “Isso já vem de muitos anos. Não é da safra de 2012/2013. As próprias federações vêm alertando o Governo Federal da situação do país e a primeira coisa que ela faz é apertar o bolso de quem produz. “Esse repasse vem pra cima de nós porque somos nós quem pagamos a logística não são as multi-nacionais, o exportador nem o importador”, afirma Cazzeta. Essa foi mais uma semana complicada. O Porto de Santos, no litoral de São Paulo, continuou congestionado e o acidente na hidrovia do Tietê, com uma barcaça que carregava soja, interrompeu o tráfego pelo rio a semana inteira. A administração promete liberar a hidrovia até o fim desta semana. tópicos: Diamantino DO GLOBO RURAL

Água de degelo irriga plantações na província argentina de Mendoza

Água de degelo irriga plantações na província argentina de Mendoza 31/03/2013 08h45- Atualizado em 31/03/2013 08h45 Sistema armazena e distribui água para todos os municípios da região. QuaDo Globo Ruralntidade de água depende da neve que cai na C Considerada uma das regiões mais produtivas do país e a 5ª maior produtora de vinho do mundo, Mendoza, que fica no Centro-Oeste da Argentina, na fronteira com o Chile, é cercada de pomares e vinhedos, apesar do clima semelhante ao deserto. A província é irrigada por uma técnica adotada pelo povo Inca, primeiros habitantes da região, que aproveita a água do derretimento da neve para irrigar os pomares e vinhedos. A Cordilheira dos Andes tem oito mil quilômetros de extensão e vai da Argentina até a Venezuela. A altitude média gira em torno dos quatro mil metros e ultrapassa os seis mil metros em alguns pontos. Mesmo no verão, os picos mais altos sempre têm gelo. No inverno, as montanhas ficam cobertas pela neve. Na primavera, conforme a temperatura vai subindo, a neve vai derretendo e vira água, que escorre montanha abaixo formando córregos e rios. Além do rio Mendoza há mais quatro rios importantes na região formados pela água do degelo: o Tunuyan, Atuel, Diamante e o Rio Grande. O arquiteto Jorge Ponti, estudioso da história da água em Mendoza, explica que foram os índios, primeiros habitantes da região, que encontraram uma maneira simples de usar a água do degelo. “No local vivia uma tribo que se chamava Los Huarpes. Eles faziam parte do império Inca e tudo indica que os Incas, que tinham grande tradição hidráulica, tenham contribuído para criar nosso sistema de irrigação onde a água escorre naturalmente por gravidade”. O povo Inca viveu na região da Cordilheira por, pelo menos, três séculos, formando um grande império que perdurou até os anos de 1530, e deixou um importante legado cultural e tecnológico. Quando os espanhóis chegaram na região, em 1561, já encontraram funcionando um sistema de irrigação e abastecimento de água, que era simples, mas muito funcional. Aproveitando o caminho natural das águas, os índios construíam pequenas acequias, que são canais escavados na terra. Eles conduziam a água do rio até as casas e lavouras usando apenas a força da gravidade. Muitas acequias que existem até hoje. “Eles se estabeleciam ao lado de uma acequia e usavam essa água para cultivar feijão, abóbora, batata, tomate e milho”. Os espanhóis não só preservaram como melhoraram a forma de utilizar a água do degelo. Antigamente, as acequias corriam para todo lado, cortavam ruas, atrapalhavam a vida das pessoas. Hoje, em todas as cidades da província, elas correm beirando as calçadas e levam água diretamente até as raízes das plantas usadas na arborização de ruas, praças e parques. “Em 1872 fizeram um novo projeto para colocar as acequias ao lado das calçadas. Quando têm que cruzar alguma rua, passam por uma tubulação enterrada para não causar transtornos. Foi essa mudança que conseguiu preservar o sistema de acequias”, conta Ponti. Atualmente cada um dos principais rios de Mendoza, tem seu próprio sistema para armazenar e distribuir água. Eles formam grandes represas, ou como se diz em espanhol, embalses. O engenheiro agrônomo José Morábito, responsável pelo programa de irrigação do Instituto Nacional de Água de Mendoza, explica o funcionamento dos embalses. “Nós temos seis grandes embalses. O Potrerillos, feito sobre o rio Mendoza, é um dos maiores. Tem capacidade para armazenar 450 milhões de metros cúbicos de água. O que representa mais ou menos 1/3 do volume de água que escorre pelo rio em um ano”. O Potrerillos fica a dois mil metros de altitude no meio da Cordilheira. A água desce por gravidade até um dique, onde é dividida em diversos canais. O mesmo sistema está instalado nos seis embalses de Mendoza. Juntos, eles alimentam uma rede com 12 mil quilômetros de canais, que levam água a todos os municípios da província. A água do degelo só dá para irrigar 3% do território da província de Mendoza. Por isso, ela tem que ser bem administrada e usada com eficiência. O primeiro passo é saber, com antecedência, quanta água vai estar disponível no sistema ao longo do ano. O trabalho é feito no Instituto de Nevologia de Mendoza, que realiza estudos sobre a qualidade da neve. O instituto coordena nove estações meteorológicas, instaladas na Cordilheira. O engenheiro Ruben Villodas, explica como funciona a medição. “As estações medem todos os parâmetros normais de meteorologia: como a temperatura do ar, a umidade, velocidade dos ventos e também o que chamamos de equivalente água/neve, que é a quantidade de água que tem na capa de neve. Não importa a altura da neve, e sim a quantidade de água que tem nela”. Os dados são coletados na montanha automaticamente e, depois, são transmitidos para o instituto via satélite. Com base nas informações, os técnicos conseguem estimar quanta água vai descer dos Andes. “Fazemos um prognóstico do volume de água que vai descer entre 1º de outubro de um ano e 31 de setembro do ano seguinte. Nos últimos anos, temos tido uma precisão de 90%, 95% de acerto”, completa Ruben. Com base nessa previsão, os técnicos do Instituto Nacional de Água de Mendoza, determinam quanta água cada usuário vai receber ao longo do ano.

Produção de frutas em Mendoza gera empregos e movimenta a economia

Produção de frutas em Mendoza gera empregos e movimenta a economia Província é a maior produtora de pêssegos da Argentina.31/03/2013 09h00- Atualizado em 31/03/2013 09h22 Clima frio também favorece o cultivo de hortaliças e videiras A província de Mendoza é a maior produtora de pêssegos da Argentina, especialmente das variedades destinadas à indústria. Os pomares de Mendoza estão concentrados nos chamados oásis produtivos, áreas que têm sistemas de distribuição de água do degelo. O clima frio da região favorece esse tipo de cultivo além de hortaliças e videiras. Mas apesar de chover pouco na região, a proximidade com os Andes e com o Sul do continente americano, torna o um lugar sujeito a tempestades, com ventos intensos e chuva de granizo. O agrônomo do Instituto Nacional de Água de Mendoza, Daniel Pizzolato, explica que, para reduzir os estragos causados pelo granizo, muita gente está cobrindo os pomares com uma malha própria para isso. “Esse é o único sistema que funciona na região. A malha é cara porque tem que ser muito resistente para suportar pedras grandes caindo de 10 mil metros altura sobre ela e ainda têm a estrutura para sustentar essa malha, como os postes, arames, grampo. Isso tem um custo alto”. As seis represas que formam o sistema de irrigação de Mendoza levam água para todos os municípios da província. A quantidade de água que corre pelos canais depende do tanto de neve que cai nos Andes, na época do inverno. Tudo segue o planejamento feito pelo Instituto de Nevologia. É feita uma rotação para que todos os usuários recebam a água que têm direito. Cada rio da província tem um chefe de operações, que determina quanta água cada canal vai receber e os dias em que ela vai chegar. Para controlar a entrada de água, as acequias são equipadas com comportas e tem uma pessoa contratada para abrir e fechar as comportas na hora certa. No dia certo e na hora marcada, cada agricultor deve abrir suas comportas e deixar a água entrar. A maior parte dos agricultores de Mendoza rega o pomar usando a mesma tecnologia do tempo dos índios. A inundação é o sistema de irrigação mais tradicional da região. A água entra por um canal e depois se espalha por gravidade por todo o cultivo. Outra forma comum de irrigar as lavouras é abrindo pequenos sulcos ao lado da linha de cultivo. Os sistemas são simples e baratos, mas tem pouca eficiência. A irrigação por superfície tem cerca de 40% de eficiência, em média. Nesse sistema, grande parte da água se infiltra na cabeceira da linha e muito pouco chega lá ao destino final. Os agricultores pagam em torno de R$ 300 por hectare por ano pela água. Mesmo assim, só recebe água quem tem permissão para isso. O direito de água foi concedido há muito anos mediante os registros das propriedades que usavam água naquela época. Algumas fazendas perfuram poços profundos para complementar a irrigação, mas até a abertura de poços precisa de permissão do governo. E, no momento, ninguém está conseguindo autorização. O agrônomo César Arland, que administra uma fazenda que cultiva pêssego, ameixa e nozes, explica que, para poder aumentar um pouco a área de cultivo, foi preciso investir em sistemas de irrigação mais modernos, como a microasperssão. “Com esse sistema, a gente consegue aproveitar cerca de 90% da água. Esse sistema custa entre US$ 2 mil e US$ 3,5 mil por hectare. Dependendo da sua necessidade”. César diz que o principal problema para implantação do sistema é que ele usa energia elétrica, para puxar a água dos poços e fazer a distribuição. Isso tem um custo alto em torno de R$ 500 por hectare por ano. Segundo o agrônomo, o alto custo nem todos adotam o tipo de irrigação. Mesmo com algumas dificuldades, a produção de frutas movimenta a economia da região. Boa parte delas segue para indústria para virar compota. A produção de frutas também gera milhares de empregos tanto na indústria quanto no campo. A água que desce dos Andes, transformou o lugar árido e pedregoso num oásis, que leva oportunidades para quem vive na região.